Arquitetura

Liu Jiakun vence o Prémio Pritzker de Arquitectura 2025

O arquitecto chinês Liu Jiakun foi agraciado com o Prémio Pritzker de Arquitectura 2025, o reconhecimento mais prestigiado no mundo da arquitectura, pelas suas obras que "celebram a vida quotidiana das pessoas". Liu tornou-se o 54º laureado do prémio anual, sendo o terceiro arquitecto chinês a recebê-lo, após o sino-americano IM Pei e Wang Shu, fundador do Amateur Architecture Studio.

Em toda a história do Prémio Pritzker, dois arquitectos portugueses foram laureados: Álvaro Siza Vieira, que recebeu o prémio em 1992, e Eduardo Souto de Moura, que venceu o prémio em 2011, ambos destacando-se pela sua contribuição excepcional para a arquitectura mundial. Para mais informações, consulte o site oficial do Prémio Pritzker: Álvaro Siza Vieira – Prémio Pritzker 1992 e Eduardo Souto de Moura – Prémio Pritzker 2011.

Para saber mais sobre o próprio Liu Jiakun e a sua obra, visite o site oficial do Prémio Pritzker: Liu Jiakun – Prémio Pritzker 2025.

A filosofia e o percurso de Liu Jiakun

Nascido em 1956 em Chengdu, China, Liu Jiakun desenvolveu desde cedo um interesse pelas artes criativas, explorando o desenho e a literatura. Após frequentar o Instituto de Arquitectura e Engenharia em Chongqing, formou-se em 1982 e foi um dos primeiros arquitectos da sua geração encarregados de ajudar na reconstrução da China. Trabalhou no Instituto de Design e Pesquisa Arquitectónica de Chengdu e chegou a viver no Tibete, onde aprofundou as suas habilidades de pintura e escrita.

Em 1999, fundou o seu próprio estúdio, Jiakun Architects, em Chengdu. A sua abordagem arquitectónica baseia-se numa filosofia que mistura tradição, identidade e comunidade. Para Liu, a arquitectura deve ser como a água: adaptar-se ao ambiente e solidificar-se com o tempo, transformando-se na mais alta forma de criação espiritual humana.

Principais obras e contribuições

Entre os projectos mais notáveis de Liu estão o Museu de Arte em Pedra Luyeyuan, o Museu dos Relógios da Revolução Cultural, o complexo West Village em Chengdu, o Departamento de Escultura do Instituto de Belas Artes de Sichuan, o Memorial Hu Huishan, o Museu de Tijolos de Forno Imperial de Suzhou e o Pavilhão Serpentine em Pequim. Estes projectos exemplificam como Liu reconfigura espaços públicos e a vida em comunidade, equilibrando densidade urbana com qualidade de vida.

Liu também é um autor prolífico, tendo publicado obras como The Conception of Brightmoon (2014) e I Built in West China? (2009), onde explora o conflito entre utopias e a vida humana. A sua dualidade como arquitecto e escritor confere uma qualidade narrativa e poética aos seus projectos arquitectónicos.

Uma abordagem sensível e consciente

Liu Jiakun busca sempre um nível "apropriado" de tecnologia, que se baseia na sabedoria local e nos recursos disponíveis. A sua arquitectura valoriza a simplicidade e a sinceridade no uso dos materiais, permitindo que envelheçam naturalmente, sem medo de deterioração, pois carregam consigo a memória colectiva do lugar.

Além disso, Liu integra natureza e arquitectura, criando paisagens que coexistem harmoniosamente com o ambiente construído. Esta abordagem alinha-se à filosofia e tradição chinesas mais antigas, como evidenciado nos seus projectos em Luzhou e no Museu de Arte em Pedra Luyeyuan.

Reconhecimento merecido

Ao celebrar a vida quotidiana das pessoas e oferecer soluções arquitectónicas sustentáveis e socialmente justas, Liu Jiakun demonstra como a arquitectura pode ser uma mediação entre o realismo e o idealismo. A sua conquista do Prémio Pritzker de Arquitectura 2025 é um reconhecimento merecido pela sua visão universal e pela capacidade de transformar o quotidiano através da arquitectura.

Com esta vitória, Liu Jiakun reforça a importância de se projectarem espaços que não apenas atendam às necessidades funcionais, mas que também promovam o senso de comunidade, identidade e pertença, elevando a arquitectura a uma forma de criação espiritual e cultural de profundo impacto social.